segunda-feira, 14 de abril de 2014

O TARRAFAL

A prisão do Tarrafal quando da minha passagem por Cabo Verde.

“Entre os pavilhões B e C, em frente ao portão de campo, ao fundo, há uma habitação diferente de todas as outras…um pequeno pavilhão de paredes caiadas a ocre, janelas e porta em madeira e cantaria vermelha, dividido em duas pequenas salas, uma que servia de sala de espera para os presos doentes e outra para consultório médico…era o posto de socorro mas que servia mais de casa mortuária, o que estava em tudo de acordo com o médico de campo que mais gostava de assinar certidões de óbito do que tratar os doentes…”

O médico de campo era um tal Esmeraldo Pais Prata, de alcunha o “Tralheira” de quem se dizia que na calada da noite ia assistir aos espancamentos e que costumava afirmar: “não estou aqui para curar mas para passar certidões de óbito.”

Quando se entra dentro do campo, parece que uma sensação estranha paira no ar, como se aquelas paredes ainda contivessem dentro delas todo o sofrimento daqueles que por ali padeceram.

Nenhum comentário: