A prisão do Tarrafal quando da minha passagem por Cabo
Verde.
“Entre os pavilhões B
e C, em frente ao portão de campo, ao fundo, há uma habitação diferente de
todas as outras…um pequeno pavilhão de paredes caiadas a ocre, janelas e porta
em madeira e cantaria vermelha, dividido em duas pequenas salas, uma que servia
de sala de espera para os presos doentes e outra para consultório médico…era o
posto de socorro mas que servia mais de casa mortuária, o que estava em tudo de
acordo com o médico de campo que mais gostava de assinar certidões de óbito do
que tratar os doentes…”
O médico de campo era
um tal Esmeraldo Pais Prata, de
alcunha o “Tralheira” de quem se
dizia que na calada da noite ia assistir aos espancamentos e que costumava
afirmar: “não estou aqui para curar mas
para passar certidões de óbito.”
Quando se entra dentro do campo, parece que uma sensação
estranha paira no ar, como se aquelas paredes ainda contivessem dentro delas
todo o sofrimento daqueles que por ali padeceram.
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